O
prontuário do paciente é um elemento crucial no atendimento à saúde dos
indivíduos devendo reunir a informação
necessária para garantir a continuidade dos tratamentos prestados ao
cliente/paciente.
As
informações registradas no prontuário medico vão subsidiar a continuidade e a
verificação do estado evolutivo dos cuidados de saúde , quais procedimentos
resultam em melhoria ou não do problema que originou a busca pelo atendimento ,
a identificação de novos problemas de
saúde e das condutas diagnosticas e terapêuticas associadas.
O
prontuário eletrônico do paciente (PEP)
é um meio físico, um repositório onde todas as informações de saúde,
clínicas e administrativas, ao longo da vida de um indivíduo estão armazenadas
e muitos benefícios podem ser obtidos deste formato de armazenamento. Dentre
eles, podem ser destacados: acesso rápido aos problemas de saúde e intervenções
atuais; acesso a conhecimento científico atualizado com consequente melhoria do
processo de tomada de decisão; melhoria de efetividade do cuidado, o que por
certo contribuiria para obtenção de melhores resultados dos tratamentos
realizados e atendimento aos pacientes; possível redução de custos, com
otimização dos recursos.
O
Istitute of Medicine (IOM, 1997), entende que o prontuário eletrônico do
paciente é “um registro eletrônico que reside em um sistema especificamente
projetado para apoiar os usuários fornecendo acesso a um completo conjunto de
dados corretos, alertas, sistema de apoio a decisão e outros recursos como
links bases de conhecimento medico”.
A
digitalização de documentos não pode ser considerada como um prontuário
eletrônico, uma vez que não traz mudanças de comportamento e não possibilita a
estruturação da informação, ressalta Leão (1997).
Van
Bemmel (1997) nos mostra as vantagens do prontuário de papel e do PEP:
PAPEL
|
PEP
|
Facilidade
no transporte
|
Simultâneo
acesso em locais distintos
|
Maior
liberdade de estilo ao fazer um relatório
|
Legibilidade
|
Não
requer treino especial
|
Oferece
apoio a decisão
|
Não sai
do ar
|
Variedade
na visão do dado
|
Em
contrapartida sabemos que nem tudo são flores, então tanto o papel quanto o PEP
também possuem suas desvantagens, irei citar as desvantagens do papel e
posteriormente as do PEP segundo Mc Donald e Barnett (1990):
PAPEL
|
PEP
|
Para estudos
científicos, o conteúdo precisa ser transcrito, o que muitas vezes predispõe
ao erro.
|
Necessidade de
grande investimento de hardware e software e treinamento.
|
Só pode estar em um
lugar ao mesmo tempo, pode não estar disponível ou ate ser perdido.
|
Demora a ver os
resultados do investimento
|
Conteúdo livre,
algumas vezes ilegível.
|
Sujeito a falhas
tanto de hardware quanto de software
|
Não disparam
lembretes e alertas aos profissionais.
|
Sistema inoperante
por minutos , horas e dias
|
O
potencial do PEP para automatizar, padronizar, organizar, e oferecer
inteligência para o Sistema de Saúde ainda não é completamente compreendido
pelo mercado, mesmo por que funções mais básicas de automatização do registro
do atendimento ainda não estão resolvidas. A má compreensão do potencial
prontuário eletrônico se agrava ainda mais quando se trata da compreensão das dificuldades
de implantação deste. A grande maioria das empresas tende a ver o PEP como uma
aplicação (um programa) que coleta os dados de forma estruturada dentro da
organização de saúde, e os disponibiliza a todos os usuários autorizados. Esta
visão, amplamente aceita em um passado recente, tem se mostrado insuficiente
para atender as necessidades do paciente.
A
percepção do impacto do Prontuário Eletrônico do Paciente á saúde ainda não
esta aguçada mas já existe a expectativa
dos usuários do sistema de saúde,
de se ter informações qualificadas sobre a sua saúde, ou sobre sua doença. O
acesso fácil à segunda opinião e mesmo a possibilidade de uma consulta remota
já estão presentes no imaginário do usuário esclarecido. Evidentemente, para
que estas demandas venham a ser atendido o PEP deverá ter, necessariamente, uma
característica multi-institucional.
O
PEP, ou o Registro Eletrônico de Saúde, quando bem implementado é uma excelente
ferramenta de organização da produção e registro dos serviços de saúde. Por
definição, ao registrar o conjunto de dados relevantes do atendimento em saúde,
ele atribui ao paciente e ao profissional de saúde que o atendeu, a informação
necessária para resgatar os dados do atendimento para quaisquer fins: clínico,
jurídico, administrativo, e de pesquisa, entre outros. Dessa forma, itens como
os relatórios de produção e o fechamento da conta-paciente podem ser obtidos
diretamente do PEP. Além disso, é um instrumento de coleta de dados no momento
em que eles são obtidos, pode influenciar a produção dos serviços de saúde promovendo
a automação, a padronização e o uso das melhores práticas (protocolos clínicos
apoiados em evidências). Ao promover a padronização, o PEP promove redução de
custos e aumento de qualidade, já que a padronização é um requisito que
favorece o planejamento. Ao organizar a produção dos serviços de saúde, o Prontuário
Eletrônico tende a reduzir fraudes. Como exemplo, podemos citar o caso clássico
do paciente que "empresta" seu cartão de atendimento a um amigo ou
parente, algumas vezes com a anuência do profissional de saúde. A existência do
PEP tende a inibir tal procedimento, pois é difícil imaginar que qualquer
paciente aceite ter em seu prontuário o registro da doença de outros, assim
como dificilmente o profissional de saúde aceitaria tal atitude.
Vários autores (Dick, Steen e
Detmer,1997: Murphy, Hankene Waters, 1999; e Anderson,1999) apontam riscos e
obstáculos críticos no desenvolvimento e implantação do PEP:
- Falta de entendimento das capacidades e benefícios do PEP
- Padronização
- Interface com os usuários
- Segurança e confidencialidade
- Falta de infraestrutura
- Aceitação pelo usuário
- Aspectos Legais
- Conteúdo do PEP
- Mudança de comportamento
Fatores de sucesso na implantação de um PEP
são: cooperação, tornar disponíveis programas de tratamento (protocolos, guias
de conduta, alertas, avisos), a educação da equipe e a implantação de normas e
padrões O prontuário eletrônico do paciente na assistência, informação e
conhecimento médico tecnológico e em relação aos dados. Todavia, o sucesso de
um sistema depende mais das pessoas do que da tecnologia, conforme ressalta
Reed Gardner, um pioneiro no desenvolvimento de sistemas de informação em saúde,
responsável por um dos sistemas de maior sucesso na Informática Médica, o
sistema HELP do Latter Day Saints Hospital em Salt Lake City (Utah, Estados
Unidos).
O
desafio ainda é grande, assim como a complexidade de um PEP. As informações
para fins puramente gerenciais não representam, via de regra um desafio para a
construção de um PEP está a dificuldade no registro, controle e recuperação das
informações clínicas. A realização de um PEP não tem sido dificultada necessariamente
pela tecnologia, mas é de natureza organizacional ou relacionada à forma de
trabalho tradicional dos profissionais de atenção direta. Sistemas integrados
pressupõem não somente serviços e organizações integradas, mas principalmente,
profissionais integrados.
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