Segundo os pesquisadores Timothy Sturgeon e Christophe Lecuyer, o Vale do Silício tem sua origem no início
do século XX, por volta de 1906, associada ao advento do rádio. Engenheiros
iniciaram a experimentação com a nova tecnologia mais como curiosidade, e
acabaram criando um ambiente meritocrático de que faziam parte as pessoas que
conseguiram avanços tecnológicos no desempenho, velocidade de transmissão e
baixo custo dos produtos eletrônicos.
Os dois pesquisadores afirmam
que pelo menos 30 anos antes de a HP-Hewlett Packard iniciar suas atividades em uma garagem, e
50 anos antes da criação da Fairchild, outra gigante dos semicondutores, a cultura do Vale
do Silício já estava em gestação e formação em torno do rádio e tecnologias
associadas. Engenheiros se organizando em clubes de rádio, ascensão do radioamadorismo
desde a primeira grande guerra, equipamento construído em fundo de quintal ou
então tomado emprestado foram as sementes que catalisaram o enorme
desenvolvimento posterior da região. Um exemplo de empresa criada na época é o
da Poulsen Wireless Corporation of Arizona em 1910, que deu origem à Federal Telegraph Company, criada em San Francisco.
No mesmo
ano de 1910, foi criada uma Escola para Engenheiros de Rádio, que iniciou a
transmissão de programas de rádio sem fio (wireless…) para uma audiência local.
Iniciou-se uma disputa tecnológica com a região de New York e Boston, onde
também se verificou grande desenvolvimento das tecnologias associadas ao rádio.
O que deu maior impulso à região do Vale do Silício foram os contratos de
projetos com a Marinha, por ocasião da Primeira Grande Guerra. Esse tipo de
contrato com as forças armadas continuaram depois da guerra, e foram os grandes
responsáveis pelo desenvolvimento da região.
O resto da história da região
até nossos dias faz parte da história recente, e é mais conhecida de todos. O
modelo de financiamento para companhias tecnológicas entrantes no mercado
(startups) com projetos inovadores surgiu na região do Vale do Silício, e se
espalhou pelo mundo afora. Casos e mais casos de companhias surgidas em salas
de aula das universidades da região, destaque para a Stanford University,
financiadas por fundos ou investidores particulares (venture capital)
sempre à procura de lucro rápido (claro, a economia funciona dessa forma…).
O progresso da região foi tão
rápido e consistente, que o Vale do Silício encontra-se, hoje, mergulhada no caos do
trânsito, falta de moradias, preços altíssimos, competição desenfreada, tendo
seu desenvolvimento freado por questões de sustentabilidade: meio-ambiente,
disponibilidade de água, estradas insuficientes, preço do metro quadrado de
terrenos lá nas alturas, competição tanto no nível social quanto no
tecnológico.
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