Aaron Swartz foi um gênio da
programação e ativista, foi encontrado morto em um apartamento em New York. Ele
lutava pela socialização do conhecimento e por uma internet livre. O suicídio
está sendo investigado a fim de confirmar o motivo da morte de Aaron, existem
duas suspeitas. A primeira é a de que ele teve uma crise depressiva e tenha
decidido retirar a própria vida, a outra é a de que ele tenha sido
"motivado" pela recente condenação a até 35 anos de reclusão por ter
liberado material pago de forma gratuita.
Aaron nasceu em novembro de 1986
em Chicago, desde cedo conviveu com a computação por influência de seu pai que
era proprietário de uma empresa de software. Aos 13 anos venceu uma competição
de sites não comerciais "úteis, educacionais e colaborativos". Aos 14
anos ingressou num grupo de trabalho
para a elaboração da versão 1.0 do RSS (Rich Site Summary) que é um formato de
publicação de blogs e páginas. Aos 16 anos entrou e abandonou a Universidade de
Stanford e se dedicou a criação de novas empresas, como a Infogami. Aos 17 anos
ingressou na equipe do Creative Commons e participou de importantes debates
sobre propriedade intelectual e licenças open-source. Em 2006 entrou para a equipe
da Reddit, plataforma aberta que permite que membros votem em histórias e
discursões importantes. Ainda em 2006 virou colaborador do wikipedia. Em 2007
fundou a Jottit, ferramenta que permite a criação colaborativa de sites de
forma simplificada. não tinha objetivo de se tornar rico mas im desenvolver
ferramentas e instrumentos para aprofundar a experiência colaborativa e de
cooperação da sociedade.
Em 2008 trabalhou em três
projetos o Watchdog, o Open Library e o Demand Progress. O Watchdog é um site
que permite criar petições públicas. O Open Library pretende criar um site para
cada livro, se transformando numa especie de biblioteca universal, sendo
possível o emprestimo de e-books. O Demand Progress plataforma criada para
conquistar mudanças progressistas em políticas públicas (envolvendo liberdades
civis, direitos civis e reformas governamentais) para pessoas comuns e a
atuação do Demand Progress se dá de duas formas: através de campanhas on-line
para chamar atenção das pessoas e contatar líderes do Congresso, e através do
trabalho de advocacia pública em Washington “nas decisões por trás das salas
que afetam nossas vidas”.
Ainda em 2008 Aaron foi
investigado pelo FBI por ter baixado milhões de documentos publicos do
Judiciário mantidos pela empresa Pacer (que cobra pelo acesso a documentos
públicos), mas a investigação não resultou em processo criminal ou civil.
No final de 2010 formulou uma
petição online para chamar a atenção dos usuários da Internet e de grupos
políticos dos Estados Unidos contra uma nova lei de copyright que para Aaron
tinha o objetivo de censurar a internet. Em outubro 2011 o projeto foi
reapresentado com o nome de Stop Online Piracy Act (SOAP) e em Janeiro de 2012
após um intenso debate promovido na rede pelos ativistas chamou a atenção de
grandes organizações como o Google, Facebook, Twitter, entre outros. Em 18 de
janeiro daquele ano o wikipedia simulou como seria se o site fosse retirado do
ar pelo SOAP. A reação do Congresso foi imediata e culminou na suspensão do
projeto de lei.
Em julho de 2011 Aaron foi
processado por "fraude eletrônica, fraude de computador e de obtenção
ilegal de informações a partir de um computador protegido" pela JSTOR (uma
das maiores organizações de compilação e acesso pago a artigos cientificos). Aaron
programou um dos computadores públicos do MIT (Massachussets Institute
Technology) para acessar o banco de dados da JSTOR e fazer o download de
artigos cientificos de diversas areas do conhecimento, em poucos dias baixou
mais de 4 milhões de artigos cientificos (não se sabe como ele pretendia
publicar esses arquivos), então ele foi processado pelo fato de ter feito o
download dos arquivos (apesar de o acesso do computador da instituição permitir
o download).
A questão é que Aaron Swartz não
cometeu, a princípio, nenhum ato ilícito (ele poderia fazer o download de
artigos científicos como qualquer acadêmico logado a uma máquina com acesso ao
JSTOR pode). E mesmo depois de acusado, entregou-se à Justiça e afirmou que não
tinha intenção de lucrar com o ato. Diante do aviso de que a distribuição dos
arquivos infringiria leis nacionais, Aaron devolveu os arquivos digitalizados
para a JSTOR, que retirou a ação judicial de caráter civil
Após o acordo entre Aaron e a
JSTOR, a Promotoria de Justiça de Boston indiciou Aaron Swartz por diversas
ofensas criminais, pedindo a condenação do ativista em 35 anos de prisão e o
pagamento de 1 bilhão de dólares de multa. O processo penal teve início, sendo
oferecida a Swartz a oportunidade de fazer um acordo penal que reconhecesse sua
culpa, Swartz recusou-se a declarar-se culpado, por não considerar seus atos
como ilícitos. Mesmo com a intervenção da JSTOR, que reconheceu não se sentir
prejudicada pelos atos de Swartz, a Promotoria continuou a amedrontá-lo.
O processo penal esvaziou suas
poucas reservas financeiras e gerou um enorme trauma psicológico. O julgamento
da ação penal estava marcado para abril de 2013 e Aaron Swartz recusava-se a
comentar o assunto em entrevistas, palestras e eventos. Alguns especulam que o
suicídio está ligado com o processo penal considerado por muitos como uma
resposta do governo dos Estados Unidos contra o ativismo libertário de Aaron.
A família de Swartz divulgou um
comunicado após a morte, no qual considerou que a decisão do jovem foi “um produto
de um sistema de justiça criminal repleto de intimidações”. Os familiares
criticam as autoridades judiciais por terem acusado Swartz por “um alegado
crime que não fez vítimas”, alargando as responsabilidades no suicídio ao MIT.
O MIT vai lançar uma investigação interna para
verificar todas as decisões tomadas desde que foi registado o primeiro
indício de atividade suspeita nos seus dados em 2010, alegadamente da autoria
de Swartz, até agora, para apurar de que forma poderá ter tido responsabilidade
na morte de Aaron.
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