A concepção de uma televisão digital foi elaborada no Japão, na década de 1970.
Apesar de ter sido imaginada nos anos 70, somente há dez anos a TV digital passou a ser uma realidade no cenário mundial, com a implantação de emissoras digitais. A TV digital é capaz de oferecer maior nitidez de imagem e som que pode, inclusive, superar a resolução oferecida pelo cinema.
Coerentes com suas realidades, alguns países construíram seus próprios padrões de desenvolvimento desta tecnologia. Existem três padrões de televisão digital em operação comercial no mundo: o americano, o europeu e o japonês.
O Japão foi o primeiro país a adotar a resolução 16:9 (widescreen), bem como o pioneiro no desenvolvimento do sistema de compressão e transmissão de vídeo em High-Definition Television ou Televisão de Alta Definição (HDTV), ambos nos anos 80.
A primeira diferença da TV digital é a resolução: enquanto a TV analógica trabalha em média com 480 linhas horizontais, a digital trabalha com 1080. Outra diferença reside no formato da imagem. O formato, no sistema digital é o widescreen, com a proporção 16:9, semelhante às telas de cinema, diferente do padrão analógico, que funciona na proporção 4:3.
Os Estados Unidos criaram o Advanced Television Systems Commitee (ATSC), em 1998, que prioriza a necessidade de melhorar a qualidade do som e da imagem oferecidos pela televisão analógica e disponibiliza conteúdos pay-per-view (ppv) – “pague para ver” - sistema pago no qual os telespectadores podem, através de telefone ou do próprio controle remoto, comprar eventos, filmes ou outros programas para serem vistos posteriormente na TV.
O sistema europeu Digital Video Broadcasting (DVB), que veio em seguida, consiste em um conjunto de padrões, para transmissão de sinais digitais via terrestre ou radiodifusão (DVB-T); transmissão por satélite (DVB-S); transmissão por cabo (DVB-C) e transmissão para dispositivos móveis, como celulares e PDA’s (DVB-H). Permite a transmissão simultânea de mais de um programa por canal.
O terceiro padrão, o japonês, foi criado em 1999, iniciou a transmissão digital terrestre Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial (ISDB-T) do sinal em dezembro de 2003, na cidade de Tóquio. Além de oferecer os serviços dispostos nos outros padrões, permite a recepção em aparelhos portáteis e móveis, conferindo acesso nos lugares mais remotos.
A TVD no Brasil
As discussões e primeiros estudos com relação à implementação da TV digital no Brasil começaram em 1994, sob o comando da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET). Todavia, apenas em 1998 a temática ganhou ênfase. A Agência Nacional de Telecomunicações ( Anatel), assumiu a coordenação dos estudos para a definição do sistema de televisão digital a se implantar no país. Os trabalhos das pesquisas realizadas e as discussões culminaram na edição do Decreto Presidencial 4.901, em 26 de novembro de 2003, que instaurou o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), formado com as seguintes finalidades:
I - promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação;
II - propiciar a criação de rede universal de educação à distância;
III - estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de tecnologias brasileiras e da indústria nacional relacionadas à tecnologia de informação e comunicação;
IV - planejar o processo de transição da televisão analógica para a digital, de modo a garantir a gradual adesão de usuários a custos compatíveis com sua renda;
V - viabilizar a transição do sistema analógico para o digital, possibilitando às concessionárias do
serviço de radiodifusão de sons e imagens, se necessário, o uso de faixa adicional de radiofreqüência, observada a legislação específica;
VI - estimular a evolução das atuais exploradoras de serviço de televisão analógica, bem assim o ingresso de novas empresas, propiciando a expansão do setor e possibilitando o desenvolvimento de inúmeros serviços decorrentes da tecnologia digital, conforme legislação específica;
VII - estabelecer ações e modelo s de negócio s para a televisão digital adequados à realidade econômica e empresarial do País;
VIII - aperfeiçoar o uso do espectro de radiofreqüências;
IX - contribuir para a convergência tecnológica e empresarial dos serviços de comunicações;
X - aprimorar a qualidade de áudio, vídeo e serviço s, consideradas as atuais condições do parque instalado de receptores no Brasil;
XI - incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e serviços digitais.
Desde o princípio dos experimentos, apontou-se se para a inviabilidade técnica do padrão ATSC em virtude de uma série de carências ligadas ao tipo de modulação empregada. Esta modulação se mostrou deficiente no quesito referente à transmissão móvel e apresentou desempenho sofrível, principalmente, ao utilizar antenas internas.
Assim, direcionou-se a preferência pelo ISDB -T em razão do satisfatório desempenho no tocante à recepção de sinais em ambientes fechados, ou seja, sinais captados por antenas internas. Há, ainda, mais uma vantagem: o ISDB-T privilegia a instalação de novos canais.
Em virtude das experiências apresentadas, em 29 de julho de 2006 foi assinado o acordo com o governo japonês estabelecendo que o padrão ISDB-T serviria de referência para a elaboração do sistema nacional SBTVD. Hoje em dia já são 480 os municípios atendidos pela TV Digital. Ao todo são 102 emissoras que possuem a tecnologia que chega para 87,7 milhões de pessoas, ou 45,98% da população brasileira. A expectativa é a de que a cobertura digital seja superior ou equivalente à analógica antes do encerramento oficial do antigo tipo de transmissão, em 2016.
O Sistema Brasileiro de Televisão Digital é aberto e gratuito. A primeira transmissão da TV Digital no Brasil ocorreu em São Paulo, no dia 2 de dezembro de 2007.
CURIOSIDADE
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FONTES:
Trabalho “Televisão Digital: do Japão ao Brasil” apresentado no VI Congresso Nacional de História da Mídia, UFF, Rio de Janeiro, 2008. Publicado na Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba.
http://www.tecmundo.com.br/lcd/2134-saiba-tudo-sobre-televisao-digital.htm
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